terça-feira, 20 de maio de 2008

Um Não-Lugar

Queria poder me jogar de um lugar bem alto, bem alto. Mergulhar nas trevas da noite, sentindo minha alma se transbordar em estrelas, e me deixar levar pelo vento das nuvens.
Pra cair numa piscina, atravessar o reflexo da lua cheia, e encontrar alguém. Alguém que está lá, a me esperar, de braços abertos, meu amor, meu mais complexo e maravilhoso sonho em matéria e espírito.
Existe um lugar por aí que eu ainda não conheço. Mas sonho com ele... É uma praia sem mar, uma lajota infinita, uma nuvem, um som. E nesse lugar eu respiro e sinto sabor de música de fundo.
Um lugar onde a carne é prazer, e o prazer, imaterial. Um lugar onde eu possa sentir uma febre gostosa e uma fraqueza que me faça sentir bem perto do chão, como somos doentes.
E é lá que eu vou dormir, e sonhar com uma realidade lúdica e quase fantasiosa.
É a água da chuva no meu rosto. Um frio gostoso atravessando o meu corpo, e meus dedos sendo engolidos pela terra molhada. É uma tela com uma mulher de chapéu preto cuidando de seu cavalo branco. É um simpático velhinho trazendo minha mais sonhada televisão vermelha em sua caminhonete, que me transportaria pra sempre para um universo de sonhos.
É um sonho cheio de camaleões pretos e estrelas cadentes, com um assassino em série me dando seu cartão e seu saco cheio dos próprios restos mortais. É um banho de velocidade com um capacete preto e respirando por um aparelho que nunca foi inventado.

Eu guardo em mim uma mensagem subliminar. Virem minha vida ao contrário, e verão um olho vermelho num corpo que cai de uma bicicleta e quebra um pulso. Mas não verão o pulso. Nem verão o verão.
Porque um dia, de tanto pressionar a testa contra um vidro de carro, vou acabar criando um calo. Ou me jogando de um ônibus em movimento, ê

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