terça-feira, 3 de agosto de 2010

Meio-Dia-Belém

As moléculas vibram, nervosas, com o fogo que desce dos céus, diariamente, em prenúncias cotidianas do Apocalipse. As nuvens se abrem, e mil demônios de lava aterrisam na superfície flamejante da cidade, agarrando-se ferozmente nos corpos suados dos transeuntes. Pobres infelizes! O incêndio invade as veias, contamina o sangue, os órgãos, o cérebro. Arranca do coração o amor. O calor não é humano. Ele maltrata, debilita, desabilita. Destrói.

Ó, ar-condicionado! Soprai por nós!

(Por Haroldo França)