terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Alô, alô papai!

Por Leandro Oliveira

E ela se formou em Biomedicina. E vai tentar.
E este se formou em Engenharia Química. E vai tentar.
Caminho sem jeito de graduação que não satisfaz, não segura, é tensa, feia, disforme.
Se livrar de uma obrigação é algo tão visceral que deveria ser experimentado uma vez a cada quatro anos. O tempo de uma (sofrida) graduação. Maldita graduação. Que morram todas as titulações.

O legal mesmo é o alô papai, alô mamãe.

E ser feliz por pelo menos ter tentado. Isso é viver sem tempos mortos.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

2009

Encerro essa página branca com uma lágrima, uma gota vermelha, que antes de chegar em meus olhos, passou por maus bocados nos meus tecidos viscerais. Uma amostra de mim, que me tem acompanhado por muito tempo, carregando consigo minhas consequências genéticas e imunológicas. Uma gota, que se deixa absorver pelo papel, para mostrar o quanto, nesses dozes meses, fui víscera, suor e espírito.

Qual é o teu papel?

Por Haroldo França

Nessa folha em branco, eu vou viver uma experiência de paixão e medo. Vou materializar traumas e vícios. Vou entrar em uma arena de confissões e amores, de caminhos e descaminhos. De entrega grupal.

Este papel vai transportar para todos eles o que eu tenho de mais intenso, íntimo e frágil. Vou me entregar para essas pessoas, tirar a roupa, e mostrar cada cicatriz, cada ferida aberta, e entrar num orgasmo coletivo que vai deixar a orgia cada vez mais cruel.

Quando criança, corri atrás do ônibus e me agarrei em um frango. Tenho medo de água. Roubei bolachas da secretaria. Tenho medo de perder quem eu amo. Estou cheia de buraquinhos. Meu pai me espancou. Eu tenho um sonho. Não consigo chegar a lugar nenhum. Sou um barquinho solitário, no oceano. Sou um falo. Um leque. Um sanduiche. E eu estou aqui me entregando, lutando por um grande sonho, um tesão incontrolável, uma paixão arrebatadora: O jogo.

Mamãe, vai dormir, porque você tem que acordar cedo amanhã.