domingo, 16 de novembro de 2008

Alcochoado de pavor.

É muito pior saber da existência da traição no momento em que está sendo feita, do que depois. Tem-se como prova de – pelo menos – respeito, quando se omite tal fato afim de não magoar aquele que é atingido. “Você precisa parar de ser inconseqüente”, diz. Inconseqüência ou loucura? Loucura ou pavor? Pavor ou medo da perda?

Tal ilustre pessoa se faz corrompido pela própria falta de juízo que condena. Faz igual, somente para se vingar. Faz, e faz de maneira à outra saber. E sabendo, a dor se torna aguda a ponto de ser chamada de insuportável.

Escadas abaixo o núcleo teatral está pronto. A vingança está feita. Com quem? Com quem ela mais teria nojo de saber... e sabe.

Foi comparada a ela. Engole a seco, com certo asco. Até que ponto o réu pode culpar-se? De alguma maneira existe esta diferença? O juiz – se pode ter esse papel – poderia de alguma maneira julgar? Talvez um dia fizesse igual. Teria pena, medo, pavor e amor em cuidar dos ouvidos de certa pessoa a ponto de não querer que nada – exatamente nada – o machucasse. Mesmo que fossem seus próprios atos. Atos infames. Loucos, desnudos.

Ovos e palmito. Algo bem fácil para uma garota solitária. Bem fácil para um garoto seriamente machucado. Todos gostam de tortas. Porque não? Não importa seu rosto estranho. Você tem um corpo legal. Não custa nada. Eu sei que vou gostar, tenho que gostar, porque ela vai odiar. Isso é bom. É bom, não é?

Ensaio gritos felizes. Porque assim solto meus ruídos de angústia e faço parecer cantos engraçados. Bato na mesa, assim transporto a minha dor. Pra ela, estou imitando algum baterista, isso é bom.

Tento não lembrar do rosto que tanto gosto. Eu o perdi. Ele fez-se perder, não quer ser meu.

Parabéns... Boa sorte. Você conseguiu. Meu coração está repartindo-se. A dor não chega somente ali, mas se espalha por todo meu corpo. Minha cabeça parece estar gostando de latejar. Vou andar sozinha, nesse caminho de tijolos quebrados.

Como já ouvi um dia: “Seu coração está quebrado, mas este é um órgão de recuperação incrivelmente rápida”. Passar bem.

Não consigo ir embora. Sei que não te mereço, mas quero ficar ao teu lado. Não é egoísmo, mas quero te merecer.