quarta-feira, 24 de outubro de 2012
O abraço da dona Valquíria
segunda-feira, 15 de outubro de 2012
Tsss
quarta-feira, 29 de agosto de 2012
ÉGUA.
segunda-feira, 4 de junho de 2012
Cu Pidão
-Vai, Corinthians!
Ah, vá. Ninguém é de ferro. Até ele merece uma folguinha, de vez em quando. E naquele domingo foram várias latinhas de cerveja. Depois, vinho. No final, uma catuaba, pra arrematar. Mas esse velho pinguço esqueceu do Engov. Daí já viu. Segunda de manhã, o despertador tocando, e cadê a vontade? Apareceu no serviço com cara de zumbi angelical. Se é que isso existe.
Bateu o ponto e foi cumprir o expediente no alto de sua nuvem. Olhou pra um lado... Olhou pro outro... Tudo tranquilo, não tem ninguém vendo. Se ajeitou num cantinho pra tirar uma soneca. Foi se ajeitando, virando um pouco para o lado, e ops! Deixou cair uma flechinha. "Ah, foi só uma. Ninguém vai nem reparar!", resmungou consigo mesmo. E roncou como um anjinho.
Pois é, meu amigo. Só assim pra explicar essa cagada.
domingo, 3 de junho de 2012
Vida: Útil?
-Eu já vinha pensando em terminar faz um tempo. Amanhã entro no Face e coloco tudo em pratos limpos!
(Vejam que ela é realmente determinada)
É preciso priorizar o que a vida tem a oferecer. Olhar pra frente. Muito bem, Antônia! Afinal, amor é igual celular: Você adquire com esforço, mas logo vem um ladrão e leva. E aí, você fica triste? Claro que não! A vida é prática, a tecnologia está sempre avançando e sempre vale a pena investir em algo novo. Então, querida, ponha na sua cabeça: Sempre vai ter alguém melhor te esperando! É até bom não ficar tanto tempo na mesma, senão você fica obsoleta, cafona. É preciso estar antenado com as novidades. Se manter jovem! Além disso,
(não deu tempo de terminar esse texto, tive uma idéia melhor)
quinta-feira, 31 de maio de 2012
Das verdades que vêm de dentro
Imediatamente, corri. Respiração frágil. Fui para o meio da rua e carros atravessaram meu corpo sem me tocarem. Percebi que eu já não tinha mais sombra. Nem massa. Nem cor. Invisível. Então atravessei paredes, entrei em casas, salas, quartos, tentei sacudir as pessoas e gritar por socorro, mas elas, nada. Tudo ao meu redor começou a se apagar. Existência se diluindo no vazio. Lágrimas sem olhos. Vapor.
Até que senti alguém cutucando o meu ombro. Eram eles. Estávamos no mesmo lugar. A mesa do bar. Tudo normal. Tudo claro. Eu olhei em volta, e comecei a rir. "Liga torta", pensei. Conversávamos sobre sexo e relacionamentos. Descobrimos que somos tão parecidos! Sabe, eu gosto deles. São pessoas tão próximas a mim. Tão queridos. É realmente uma pena que eu não consiga lembrar seus nomes.
quinta-feira, 24 de maio de 2012
Amarelo-ovo
quarta-feira, 23 de maio de 2012
Caridade
O chão estava frio e úmido. Encolheu o corpo. O velho Tobias deu três latidos.
-Cala a boca, cachorro.
Um pneu de carro passou cantando no asfalto e deu um grito bem no seu cangote. Susto. Tobias foi esmagado. Uma mulher, com o rosto sangrando, saiu do carro, deu três passos frágeis e caiu no chão, com os olhos bem abertos. As unhas pintadas de vermelho arranhando o concreto da calçada.
-Me ajude... Senhor... Jesus...
Desconfiado, recuou. Não sabia até que ponto aquilo estava mesmo acontecendo. Segurava com força um canivete que trazia consigo.
-Tu deve tá me confundindo. O meu nome é Edson. Tu matou o meu cachorro.
-Senhor Deus!... Por favor... Olhe para mim...
As unhas vermelhas de sangue apertando a mão do mendigo. Respiração trêmula.
-Senhor... Você me perdoa?
Os olhos nos olhos. Úmidos.
-Sim, minha filha. Perdôo. Perdôo tudo, pois sei que é de coração que falas. Saiba que eu sempre te amei, e sempre te amarei. Você sempre foi uma menina boa. Você sabe disso. Agora durma... Durma em paz, que te encontrarei no Reino dos Céus.
Desfaleceu em seu colo, como uma filha.
Longo suspiro.
Amanheceu.
quinta-feira, 17 de maio de 2012
Sorvete azul pinta o meu rosto de céu
A Fátima é trabalhadeira que só, ela. Trabalha lá em casa, viu? Parece uma abelhinha. Só tu vendo. Abelhuuuuda! Risos. Pára! Vocês querem esquartejar o meu filho! ... Caetano gosta de doce de leite, sabe? É, foi esse nome que eu dei pra ele. Por causa do Caetano. O outro, lá do rádio. Tá ouvindo? ... Ontem, a Fátima não deixou eu atravessar a rua. Tá metida. A vida é assim mesmo. Um saco, viu? Mas é um saco!
Pára! Vocês querem esquartejar o meu filho! ... O meu filho é lindo, ele. Chama Caetano. Cadê Fátima? Ah, essa menina não colocou o leite da criança, ô Fátimá! Cadê? Só quer saber de Jornal Nacional agora! Onde esse mundo vai parar desse jeito? Me diz! Me fala! A gente anda na rua e pra todo lado é vaca pendurada, vaca pendurada, vaca pendurada! Ah, saco cheio, viu? Desse jeito a gente não tem tempo nem pra trepar!
Sabe, a Fátima vive zanzando. Abelhinha pra cá, abelhinha pra lá... Ó lá. Ó meu filho. Ali, do outro lado da rua. Não é lindo, ele? As folhinha tudo caindo. Fim de tarde dourado... Passarinho piando... As vaquinhas tudo miando, tadinha. E eu lá, montada na trepadeira. Sabes que eu gosto mesmo é de uma boa trepada. A Fátima também gosta. Virou até apresentadora. Mas o gato não lava o pé. Lambe as unha tudo.
Duvida eu ir lá buscar ele? Ó lá. Tão lindo, meu Caetano. É o meu fruto. Eu nunca consigo buscar, sabe? Parece aquela manga gostosa que tá na mangueira e a gente fica com medo de subir pra pegar, e fica jogando pedra pra ver se cai. Mas eu não sou louca de jogar pedra no meu bebê, né? Mas aí eu tento atravessar e rua, e lá vem a Fafá... Caetanô! Mamãe tá indo aí buscar! Ô, Caetano! Ei... Não... Me solta! Me soltá! Pára! Me larga, Fátimá! Ô, Caetáno! Pára! Párá! Vocês querem esquartejar o meu filho!!!
quarta-feira, 25 de abril de 2012
Aquário
quinta-feira, 12 de abril de 2012
=P
Hoje é um daqueles dias em que a língua se aperta entre os dentes até sangrar. É uma agonia. Não pelo sangue, o inquietar da língua que insiste em se flagelar ou a dor absurda que isso causa. É pela agonia.
Quando a língua procura os dentes para sangrar é sinal de que o coração já não sangra, mas dói. É a maior das farsas do cotidiano, onde o sorriso impera e a língua atroz está a roçar entre os dentes, a se esconder, se ferindo nas coxias da boca e expurgando qualquer dor indesejada.
Queria poder cicatrizá-la, mas sempre que a agonia vem, a língua entra em desespero. É por ela que eu poderia gritar e pedir socorro, mas não. Então ela sangra. Os dentes cortam esta língua numa súplica corporal a um cérebro que já aprendeu a racionalizar certas coisas (de amor?), mas que não deixa de manter a língua presa à escravidão do sorriso. E ela se debate por entre a arcada, numa tentativa de comandar uma rebelião junto às cordas vocais para poder, finalmente, exercer sua função de expurgar todos os demônios pela boca, pois assim, desde que o meu mundo é mundo, eles entram e saem por ela.
E agora vocês me dão licença, porque se faz necessária uma assepsia bucal após mais uma grave crise da língua enquanto desenvolvia isto aqui. Até a próxima. Crise.