Imediatamente, corri. Respiração frágil. Fui para o meio da rua e carros atravessaram meu corpo sem me tocarem. Percebi que eu já não tinha mais sombra. Nem massa. Nem cor. Invisível. Então atravessei paredes, entrei em casas, salas, quartos, tentei sacudir as pessoas e gritar por socorro, mas elas, nada. Tudo ao meu redor começou a se apagar. Existência se diluindo no vazio. Lágrimas sem olhos. Vapor.
Até que senti alguém cutucando o meu ombro. Eram eles. Estávamos no mesmo lugar. A mesa do bar. Tudo normal. Tudo claro. Eu olhei em volta, e comecei a rir. "Liga torta", pensei. Conversávamos sobre sexo e relacionamentos. Descobrimos que somos tão parecidos! Sabe, eu gosto deles. São pessoas tão próximas a mim. Tão queridos. É realmente uma pena que eu não consiga lembrar seus nomes.
Por Haroldo França
Um comentário:
Acho que os urubus eram eles mesmos.
Postar um comentário