quinta-feira, 12 de abril de 2012

=P

Por Leandro Oliveira

Hoje é um daqueles dias em que a língua se aperta entre os dentes até sangrar. É uma agonia. Não pelo sangue, o inquietar da língua que insiste em se flagelar ou a dor absurda que isso causa. É pela agonia.

Quando a língua procura os dentes para sangrar é sinal de que o coração já não sangra, mas dói. É a maior das farsas do cotidiano, onde o sorriso impera e a língua atroz está a roçar entre os dentes, a se esconder, se ferindo nas coxias da boca e expurgando qualquer dor indesejada.

Queria poder cicatrizá-la, mas sempre que a agonia vem, a língua entra em desespero. É por ela que eu poderia gritar e pedir socorro, mas não. Então ela sangra. Os dentes cortam esta língua numa súplica corporal a um cérebro que já aprendeu a racionalizar certas coisas (de amor?), mas que não deixa de manter a língua presa à escravidão do sorriso. E ela se debate por entre a arcada, numa tentativa de comandar uma rebelião junto às cordas vocais para poder, finalmente, exercer sua função de expurgar todos os demônios pela boca, pois assim, desde que o meu mundo é mundo, eles entram e saem por ela.

E agora vocês me dão licença, porque se faz necessária uma assepsia bucal após mais uma grave crise da língua enquanto desenvolvia isto aqui. Até a próxima. Crise.

Nenhum comentário: