sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

(Por Haroldo França)

Parecia ser uma punheta como outra qualquer. Deveria ser. Os azulejos da parede do banheiro eram os mesmos de 20 anos atrás. Seus desenhos sugeriam plantas enroscadas umas nas outras; e meus pensamentos se enroscavam nas pernas de Diana. Que pernas! Aliás, que mulher! Era, definitivamente, a mulher mais GOSTOSA que eu já havia visto, nua, diante de mim, assim, ao vivo, em toda a minha vida. E não eram apenas as pernas, mas tudo, tudo nela era lindo! E o fato de ser linda e gostosa não era tudo. Havia o principal: Ela era minha. Só minha. Todinha, da cabeça aos pés, pra mim!

Meus pensamentos não se deliciavam apenas no ato de lamber aos poucos sua pele morena; o gozo também vinha da felicidade advinda do fato de que eu, finalmente, tinha a quem comer! Que maravilha! Minhas mãos gritavam: "Eu sou um homem realizado!". Um pau solitário, acolhido com calor e carinho, numa cova linda e molhada!

E a forma como ela se entregava, ah, Diana! Seria tão perfeito... Tão perfeito se eu a amasse profundamente. Mas naquele dia, precisamente, naquela punheta, minha imaginação masturbativa foi violentamente desviada. O sorriso safado da Diana se dissolveu aos poucos, e, como num rádio mal-sintonizado, fui assombrado pela voz de um fantasma: A ex.

Aos poucos, as plantas dos azulejos cresceram, e, como mil cascavéis, prontas para dar o bote, se enroscaram em mim, num labirinto de treva. Karina não era exatamente gostosa. Nem sabia dar direito. Também tinha uns pneuzinhos, que... bem, eu confesso que gostava disso. Mas tinha uma bunda meio chata, meio quadradona, mas... bom... eu admito que gostava disso também. E aqueles peitinhos pequenininhos, bicudinhos... E aqueles dentes separados na frente, que em qualquer uma ficariam feios, mas no sorriso dela eram tão... Ah, droga! Tem algo nessa mulher, acho que é macumba, que me persegue desde que terminamos, há oito meses! Será que ela nunca vai me deixar em paz? Nem no meu próprio banheiro?

Eu já deveria estar ali ha um bom tempo... pingava de suor, e parecia que o pau se mantia rígido não por excitação, mas por uma angústia confusa e canalha. Os pensamentos se confundiam, eu já não sabia mais em quem pensar, Diana-karina, Karina-diana, a bunda da Diana, a boca da Karina, a buceta da Diana, o boquete da Karina, ai minha Nossa Senhora, era um cruzamento de imagens confusas, tortas, desejáveis, torturadoras, sensuais, quentes, vaginas, mamilos, decotes, Karinas, Dianas e Aaaaahhhhhhhhhhhhh!... A mulher da propaganda de cerveja salvou a gozada.

E a porra jorrou como lágrima, veneno, ácido clorídrico a dissolver o enroscar das plantas, dos sonhos, do amor.

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