Por Delianne Lima
Todos os bancos daquela avenida eram cinzentos, sem cor. Até que um dia, resolveram pintá-los. Escolheram verde petróleo. Só que, de cinza, não mudou muita coisa. Sentado em um daqueles bancos, o Senhor Armando passava suas tardes jogando gamão com alguns compatriotas. Naquela terça-feira, o pacote estava pronto: seu antigo boné de algum vereador desconhecido, uma camisa meio desabotoada devido ao calor e, claro, sua garrafa de Cerpa. A cerpinha de cada dia era sua mais fiel companheira.
Para começar as partidas sacramentais de gamão, alguns de seus amigos que trabalhavam nos arredores sentavam-se nos bancos. Senhor Armando nunca ganhava uma partida sequer, mas se sentia feliz com sua rotina diária.
Porém, um dia pintaram os bancos de outra cor: vermelho. Essa cor amedrontava o Senhor Armando de uma forma ensurdecedora.
Nunca mais jogou gamão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário