terça-feira, 6 de dezembro de 2011

A fábula do Patinho Bobby

Bobby era um desses patinhos feios que andavam perdidos no meio da galinhada. Por vezes sentia-se infeliz e frequentemente só. Amava muito seus pais, mas eles nunca o entendiam. "Bobby, que história é essa de assustar as galinhas? Você é um pato, e não um cachorro!", dizia a senhora Bobby. Os pais de Bobby não o compreendiam. Talvez eles não quisessem entender. Bobby sempre foi um patinho diferente. É difícil demais para um pai aceitar um filho que se comporta como um... mamífero.

Certa noite, enquanto todos dormiam, o patinho Bobby recebeu uma visita inesperada no galinheiro. Era um vaga-lume.

-Eu sou a Fada-lume! Vou te tirar desse lugar e transformá-lo num lindo cisney!
-Mas como assim? Um lindo cisne, eu?
-Sim, um lindo cisney! A partir de hoje sua vida mudará bruscamente!
-Mas égua, do nada. Tá bom.

Desde então, o tempo passou e o patinho Bobby se transformou em um lindo cisne. Ele passeava com os outros lindos cisnes na lagoa. Eram todos esbeltos e de bico empinado. Passavam o dia todo nadando na lagoa. Pra lá e pra cá. Pra lá e pra cá. Bobby se sentia realizado. Ele finalmente era alguém. Feliz. Único. Pleno. Nadando na lagoa. Pra lá e pra cá. Pra lá e pra cá. Aos fins de semana, voltava ao galinheiro de sua infância para visitar os pais, e nas segundas voltava para o lago dos lindos cisnes. E era assim toda a semana. Pra lá e pra cá.

Mas o tempo é implacável. Certo dia, Bobby estava nadando na lagoa e pensou: "Mas será que é isso mesmo? Será que essa vida é mesmo pra mim? Será que eu não estou tentando me enganar? Sabotar a mim mesmo? Não... Não adianta tentar se esconder de si, pato covarde. Aquela fada maldita... Não adianta ceder ao conformismo. É hora de sair daqui! Lutar por aquilo que eu acredito, e sempre acreditei! Chega dessa vida medíocre! Chega dessa corja de falsidade! Eu não faço parte disso! Eu estou infeliz! EU ESTOU INFELIZ!!!"

-Aúúúúúúúú! (quén)

Repentinamente, todos os lindos cisnes voltaram-se para Bobby. Que comportamento estranho era aquele? Quem ele pensa que é? Bobby, então, voltando a si, voltou a empinar seu bico de sonhos, disfarçando, como se nada tivesse acontecido. Não foi nada, não. Só um repente. Já passou. E tudo continuou como estava.

E ninguém reparou que no bico daquele lindo cisne havia uma gota de lágrima. A vida, então, seguiu o seu rumo, como tinha que ser. Pra lá e pra cá. Pra lá e pra cá.



(Por Haroldo França)

Um comentário:

delianne lima disse...

Esse pato sempre será um cisne-cachorro. Ou quem sabe um dia ele se torne um só?