O
ônibus não passava. Já fazia meia hora e nem sinal. Pensei em ir para a outra
parada, a da avenida, mas meu sentido místico não me permitia. Sabia que assim
que saísse dali o ônibus chegaria.
Resolvi
esperar mais uns minutos.
Quando
dei por mim, senti uma mão delicada no meu ombro: era uma pequena senhora,
devia ter uns setenta ou oitenta anos. Aquele sorriso acompanhado de grandes
óculos e uma penugem que mais parecia lã de ovelha me transmitiam uma energia
tão boa que nem sabia explicar.
-
Olá, você sabe se aqui passa o Alto Florida?
-
Passa sim. Passou um agorinha mesmo - respondi.
-
Poxa vida, quase que consigo pegá-lo!
E deu
um sorriso maroto. Logo depois disso, ficamos conversando amenidades, como
velhas comadres até que a simpática senhorinha me perguntou: "Estou indo
ao museu, quer ir comigo?". Fiquei assustada com o convite assim, de
supetão, mas aceitei.
Nesse
dia ganhei uma avó.