quinta-feira, 2 de abril de 2009

C'est fini.

“Vai beber água pra engolir o choro” – diz ela. Não suportando, sigo seu comando. Realmente ajuda a aliviar o conflito entre meus olhos e a infeliz água salubre. Insuportável, não dá. Não é possível. Drama? Aos caralhos com o drama. Este quem sente sou eu, somente. Nem tente, pois só eu o sinto na pele.

Tenho paciência, tenho limites. Tenho paciência com limites, e estes já se esgotaram. Não há mais tentativa de placidez, apenas a raiva. Há raiva, desgosto. Novecentos não é nada. Isso não se faz necessário, preciso de tempo, segundos, minutos, semanas. Meses. Solidão, encontro comigo mesma.

Sociedade estúpida, ignóbia. O pensamento chega na esquina, porém nunca passa dali. Continua conversando e cantarolando com o padeiro e o barbeiro, que afogam seus infinitos minutos da hora de almoço. C’est fini. Acabado.

Gotas de chuva amaciam o asfalto, contrapondo sorrisos das plantas e gritos cheios de buzinas dos motoristas. O pensamento parou, está no engarrafamento. Não sai dali. Está atrasado, mas não consegue se mexer. “Eterno esse engarrafamento” – dizem aqueles que estão (in)compreensivelmente estagnados na mesma compreensão de mundo.

Não quero ler o jornal, cansei de sangue, besteiras diversificadas. Meus olhos já não conseguem observar tamanha deturpação de dados. Escapatória? Não há. Ah sim, a irresponsabilidade, vontade e necessidade de fuga repentina e rápida.

Grampos, pregos e relâmpagos. Galápagos. Intactos e estragados, como sempre há de ser.

(Delianne Lima)

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