Quando eu cago, vejo boiando pedacinhos de você. São fragmentos que já passaram por mim, mas mesmo assim, se perdem na descarga. Porém, hoje, justamente hoje, a minha descarga entupiu. Entupiu de desaforos, desabafos, e toda a erva verde da terra.
Quando senti vibrar, não imaginei que virias com tanta força. Algo assim, marcante e inesquecível, retornava do meu estômago, se tornando uma dor insuportável de nó na garganta. Era o refluxo de tudo o que te fiz passar.
Vou passear na tua casa, brincar no teu sofá, roubar tua TV, teus DVDs, e gritar tudo o que vier à cabeça no teu videokê. Não és meu pai. Por isso, me sinto no direito de tomar o que não mereces. Vou levar tuas TVs, eletrodomésticos, vou levar comigo a tua cadela. Mas antes disso, deixarei as garras dela marcadas nas paredes de toda a tua casa. E irei embora no teu carro. Quando saíres na rua gritando pérfido, maldito e infame, a única silhueta que verás será a de uma jovem mulata, a esbanjar brasil, chamada Chagas Franco. Então, teu telefone tocará, e te direi que nunca, nunca fostes criativo, muito menos revolucionário, e que já vi muitos como você em minhas peripécias nos anos 60. Lembro como se fosse hoje: um amontoado de adolescentes, em franca decadência, marcando suas costas com pó preto, num ritual satânico e entregando seus corpos às rosas de seus jardins. Era outono, e te vi, ou melhor, era o seu pai. Estava a agarrar outro homem. Bonito, não? Pois é. Assim te deixo hoje, afogado no passado, e embaixo de ruínas solidificadas de um castelo em reforma. Apodreça. E não deixarei que tua corrupção prevaleça. Te denunciarei para todos, e levarei a verdadeira mensagem do amor e da arte para cada flor envenenada do teu néctar.
Em suma,
Não passas de um arcanjo medicinal tombado como patrimônio histórico inadequadamente, e terás que deleitar-se sobre suas próprias bermudas, quando molhares teu colchão das impurezas que exalam dos poros da tua pele. E nem pense em saltar este muro, porque o que encontrarás depois dele é um imenso barranco cheio de pedaços de mim. São pedaços de vidro, pedaços de um espelho, e meus sete anos de azar vão atravessas tua pele, deixando mil feridinhas até que você perca a memória batendo a cabeça numa pedra, chamada RUBI SAUDADE
EU TE AMO, ASTROVALDO, ESTAVA SÓ BRINCANDO
Belém, 11 de julho de 2008.
(recebido)
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