Por Haroldo França
O velho pajé estava deitado em sua rede. Ele pensava em Potira, sua falecida amada. Em sua cabeça quase não haviam fios de noite. Restava apenas um. Ele sabia que quando a noite desaparecesse totalmente de seus cabelos, sua missão naquela aldeia teria se cumprido. Anoiteceu. Ele levantou-se e foi à beira do lago. Olhou a água e no reflexo viu a manhã. Mergulhou. O inverno tomou conta de suas entranhas. Os fios de cabelo de Potira surgiram das profundezas da lama e acariciaram seu rosto. Eram fios de sol. Tudo se aqueceu. Tudo se iluminou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário