*Ler antes: "Preparar... Apontar... Ruth!" e "Instituto Vingança"
25 de dezembro de 2010. O dia nascendo. Sobre a mesa, uma ceia farta: Pães, frutas, doces, vinho tinto, e uma mulher. Ruth. Estirada, como um cadáver. Nua. Pálida. Os olhos abertos. A luz do Sol projetando em seu corpo as dores dos vitrais. Os dedos de Ruth acariciando a sua libido. A respiração descompassada de Ruth perturbando as paredes. O pensamento de Ruth inundado de um nome.
-Horácio. Horácio. Horácio.
Ela fecha os olhos, e vê a porta do orfanato, de onde foi resgatada por seu herói, ainda bem pequena. A porta se desmancha. O orfanato derrete. E Horácio permanece intacto. Uma professora de papel é repicada em pedacinhos e jogada ao vento; muitas criancinhas de papel se dissolvem e afundam borbulhando em uma imensa lata de tinta guache vermelha. E horácio permanece intacto. Reticulado. Com os olhos brilhantes, segurando as pequenas mãos de Ruth. A vida de ambos estava começando ali. Toneladas e mais toneladas de concreto escorrem, limpando a vista do céu, como uma lousa mágica. Pingam no chão da cidade. Buraco. E o sorriso de horácio, puxando os bracinhos da pequena Ruth com força, a girar, a girar, a girar, a girar,
a girar, , , , ,
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25 de dezembro de 2010. O dia nascendo. O jantar está sobre a mesa. Depois de anos na cadeira de rodas, Horácio se põe de pé. Duzentos e setenta quilos de pura felicidade, se erguendo pela força de um milagre. Horácio está nu, usando apenas um babador. Apenas. Com certa dificuldade, sobe na mesa. De pé, aprecia o seu jantar. Literalmente: de pé! Braços abertos. Olhos mais abertos ainda. Mergulha. Desaba. Deságua.
Ruth... Ruth... Ruth.