Há um vírus
morando aqui
Implantado
num coração bebê
Que cresceu
Se tornando algo
Que se imagina alguém
Que olha pro coração
E vê
um vírus
implantado
morando aqui
quinta-feira, 29 de setembro de 2016
terça-feira, 13 de setembro de 2016
WTF
Eva e Adão viviam nus: assim está escrito. Até que os dois comeram a famosa fruta, e então, ops!, perceberam que estavam nus. Essa é a minha parte preferida: a percepção da nudez. E daí que estavam nus? Imagino que se eu nascesse (ou surgisse do barro) em um lugar onde a roupa ainda não foi inventada, cercado por outros bichos que também andam pelados, estaria bem ok com isso.
Só que não. Quando "perceberam" que estavam nus, "meu Deus!", eles se tamparam, e assim estamos até hoje: vestidos. Esse é o legado de Eva e Adão: a invenção da roupa. Não conheço, particularmente, outra narrativa mitológica que dê conta de explicar exatamente isso: por que o ser humano se veste? Assim como o homem é o único animal que ri, é o único que fica pelado (porque os outros simplesmente o são). Então é isso que significa ser racional? Ah tá.
A região do ventre guarda o "baixo corporal", responsável pela excreção do "lixo" que o corpo produz (a morte), e ao mesmo tempo onde se encontram os órgãos genitais, responsáveis pela reprodução (a vida) e pelo prazer sexual, que também é uma PUTA necessidade fisiológica (Bakhtin, 1987).
Por algum motivo, sentimos vergonha disso. Não é que sintamos vergonha especificamente daquilo que nos dá prazer, nem daquilo que é por onde saem as excreções, nem daquilo que é responsável pela procriação. Sentimos vergonha desse "combo" vida-morte-prazer.
Desde a Idade Média até hoje, a topografia corporal é rebaixada do "céu" (a cabeça, onde estão as idéias e a razão) à "terra" (o ventre, onde são enterrados os mortos e de onde surge a vida) em expressões como "vai se foder","vai cagar", "levou uma mijada", "filho da puta", "caralho", "escroto", "buceta", etc, que são considerados "palavrões". Tais expressões não devem ser ditas, e sim mantidas guardadas na cueca, calcinha e sutiã. Enquanto isso, os cachorros se cumprimentam cheirando o cu. Wtf?
Feitas essas considerações, só posso tirar duas conclusões:
1. Se Eva e Adão não tivessem comido a fruta, hoje em dia mandaríamos todo mundo se foder e todo mundo estaria de boa com isso.
2. O ser humano tem vergonha de ser animal.
quarta-feira, 27 de julho de 2016
Dona Olga
O
ônibus não passava. Já fazia meia hora e nem sinal. Pensei em ir para a outra
parada, a da avenida, mas meu sentido místico não me permitia. Sabia que assim
que saísse dali o ônibus chegaria.
Resolvi
esperar mais uns minutos.
Quando
dei por mim, senti uma mão delicada no meu ombro: era uma pequena senhora,
devia ter uns setenta ou oitenta anos. Aquele sorriso acompanhado de grandes
óculos e uma penugem que mais parecia lã de ovelha me transmitiam uma energia
tão boa que nem sabia explicar.
-
Olá, você sabe se aqui passa o Alto Florida?
-
Passa sim. Passou um agorinha mesmo - respondi.
-
Poxa vida, quase que consigo pegá-lo!
E deu
um sorriso maroto. Logo depois disso, ficamos conversando amenidades, como
velhas comadres até que a simpática senhorinha me perguntou: "Estou indo
ao museu, quer ir comigo?". Fiquei assustada com o convite assim, de
supetão, mas aceitei.
Nesse
dia ganhei uma avó.
quarta-feira, 27 de abril de 2016
DEDICATÓRIA e AGRADECIMENTOS
Como parte do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Bernard Freire, no curso de Licenciatura Plena em Teatro, da UFPA.
Dedicado: ...à Deus, a imaginação e ao mundo.
Agradecimentos: ao casulo da família, ao meu pensamento artístico por vocação, aos lugares artísticos: antigo grupo de teatro e coro cênico da UNAMA, A Casa da Atriz, A Casa Dirigível, as ruas e calçadas e aos pontos de arte e comunicação de saber, aos grupos e extensões que me direcionaram a esse fazer teatral. A turma de Teatro 2012 (Travestruzes, Disney, Ratas); aos coletivos: ENECOS e Vamos à Luta; aos amigos artistas dessa cidade de Belém. Aos amigos: Tiago Júlio, Cléber Cajun, Mônica Gouveia, Rogério Guimarães, Adriano Abbade, Raynéia Machado, Júlio Miragaia, Evelyn Loyla. A toda forma de se viver nesse mundo, aos passos lentos, as ocupações, aos livros, as rodas de conversas nos bares, ao silêncio sonoro, aos momentos de produção e conhecimento de cada tempo, a juventude, as artes invisíveis, aos projetos que apareceram nesses anos de curso, ao ENEARTE, as aventuras que se tornaram histórias memoráveis. A Magaly Caldas pelo companheirismo, ensinamento e ideias sobre a geografia do mundo. As raízes de pensamentos que se firmaram nos caminhos da pesquisa. Aos blogs:
Caled Garcês - http://caledgarces.webnode.com.br/
Valéria Lima - http://construcaoteatral.blogspot.com.br/
Delianne Lima - http://escorrendo.blogspot.com.br/
Júlio Miraguaia - https://outrapautablog.wordpress.com/
Teatro Cláudio Barradas - http://teatrobarradas.blogspot.com.br/
Tiago Júlio - http://va-go.blogspot.com.br/
Rhuanne Pereira - http://www.rhuanytta.com/
Marcus Benedito - http://alemdafrase.blogspot.com.br/
Adriano Abbade - https://nadadorentrepalavras.wordpress.com/
Blog Psicodélica Imaginária ¬- http://psicodeliaimaginaria.blogspot.com.br/
Instituto de Ciência das Artes/ICA/UFPA - http://www.ica.ufpa.br/
Arthur Ribeiro - https://oteatrocomoelee.wordpress.com/
Raynéia Machado - https://quaseheroina.wordpress.com/
As viagens, a vida universitária, as pesquisas e desbravamento dos dias, aos amores que davam a real importância de viver o ciclo acadêmico. A ação, a modificação dos dias, a mudança por passos lentos, ao espaço visto da janela, aos cantos, a vida acadêmica e expressões de conhecimentos, aos professores que toparam a proposta da pesquisa, ao destino que se segue agora, a revolução da arte, da vida, ao esgotamento da mente, corpo, liberdade do ser, a catarse, a tudo isso aqui agora.
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